A ESTRELA EM MOVIMENTO

-2011-


Galeria Painel - Porto





5.86 metros por segundo


Após as Olimpíadas de 1980, que haviam sido boicotadas pelos Estados Unidos da América e vários países do bloco capitalista, foi a vez da União Soviética, Cuba, Alemanha do Leste e demais países da Cortina de Ferro e do mundo comunista boicotarem os jogos de Los Angeles de 1984. Neste mesmo ano Portugal ganha a primeira medalha de ouro nos Jogos Olímpicos por Carlos Lopes na prova de Maratona que tradicionalmente é o último evento dos Jogos Olímpicos de Verão.


Estamos em plena Guerra Fria.


Como construir a identidade de um autor através da sua obra? E como fazê-lo numa exposição colectiva? O confronto é inevitável. O poder encontra-se nas possibilidades de uma narrativa.

Não me ocorre outra ideia que não a de uma competição. A única diferença é que esta está imune aos lugares que um pódio proporciona.

Costumo trabalhar com os mecanismo de montagem de exposições até que o tema da exposição é a própria exposição. Mecanismos de poder e de guerra, de confronto. A precisão do acaso.



"A estrela em Movimento" é o nome que Robert Rauschenberg deu ao cartaz qu

e realizou para os jogos Olímpicos de 1984.



Quadro de medalhas dos Jogos Olímpicos de Verão - Moscovo 1980

Posição - País - Ouro - Prata - Bronze - Total

1 - União Soviética - 80 - 69 - 46 - 195

2 - Alemanha Oriental - 47 - 37 - 42 - 126

3 - Bulgária - 8 - 16 - 17 - 41


Quadro de medalhas dos Jogos Olímpicos de Verão - Los Angeles 1984

Posição - País - Ouro - Prata - Bronze - Total

1 - Estados Unidos - 83 - 61 - 30 - 174

2 - Roménia - 20 - 16 - 17 - 53

3 - Alemanha Ocidental - 17 - 19 - 23 - 59










Tetris
150 x 75 x 50 cm
8kg
Mdf, cola, pó de tijolo
2011









O meu universo em expansão
Dimensões variáveis
Pó de giz
2011








12.05.2008.08.24
50 x 32 x 70 cm
11kg
MDF, Bolas de ténis
2011








Expedito
149 x 149 x 39 cm
13 kg
Móvel com design Ikea
2010







Planta do Espaço













Querer dizer aos outros o que nos vai no coração, e arranjar estratégias para ocuparmos um lugar com sentido na cadeia de um grupo, não apareceu com as redes sociais da internet. O “facebook” não foi a primeira malha de que o Homem se serviu para se cruzar e relacionar com os outros.

Numa galeria, num espaço considerado nobilitante, muitos exibem os resultados das suas procuras – no caso presente, depois de testados e confrontados entre colegas e professores no meio académico.

Propõe-se que a Galeria Painel, seja o lugar onde, com mais maturidade, seja mostrada e posta à prova a eloquência de estratégias de ligação:

- A corrida atrás da estrela que se desfaz e tudo contamina;

- A procura de um lugar cimeiro (num pódio que muitas vezes é um obstáculo);

- A interpretação e construção de algo que se constitui como um objecto, que dá lugar e suporta os discursos dos outros;

- O “tapete” onde se chega e aconchega os pés, tido como lugar de projecção e de enfatização, como um écran de células estaminais que plasmarão os nossos sonhos feitos discursos;

- A membrana, écran também, onde reverbera o som das câmaras de ressonância, dos corpos que somos e que dividimos em dois para ouvir em estereofonia. O corpo feito tímpano, parede-mãe dessa árvore, que procura a realidade pelo som;

- Entre corpos procuramos a cesura, o que não é emoldurado, o que fica de fora, o estrangeiro e, como um alfaiate, há quem teime em marcar, nem que seja em pequenas indicações mnemónicas que em pó se vão perdendo;

- Não precisamos de ir muito longe para nos podermos deslocar numa viagem alucinante, bastam pequenas mudanças de escala em amostras do nosso quotidiano postas em lâminas de observação, que se desdobrem em mândalas de meditação sobre a nossa condição.

Fernando Pinto Coelho









Fotografias por Diana Carvalho